Matriz Auto no Jornal de Negócios por Eduardo Cintra Torres

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O arcebispo primaz de Braga, Jorge Ortiga, comentou esta semana negativamente uma campanha publicitária nesta cidade que utiliza como personagens um padre e uma freira e recorre à linguagem católica para dar humor à mensagem.

O arcebispo primaz de Braga, Jorge Ortiga, comentou esta semana negativamente uma campanha publicitária nesta cidade que utiliza como personagens um padre e uma freira e recorre à linguagem católica para dar humor à mensagem. O arcebispo é também o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, sendo, por isso, o número um da hierarquia da Igreja em Portugal (ao contrário do que muitos julgam e escrevem, atribuindo essa posição ao cardeal patriarca de Lisboa). <...> Para quem esteja fora da Igreja, a simplicidade da campanha não parece particularmente ofensiva. <...> Desta forma, a utilização da imagética e da linguagem católicas na publicidade é um reconhecimento da sua importância na vida colectiva e da sua partilha pelo maior número, mesmo quando é usada para publicidade com humor ou contra. Este reconhecimento, quase uma irónica homenagem, não acontece com muitas outras linguagens específicas (de outras religiões, ideologias, profissões, etc.). Provavelmente a atitude que a Igreja deveria assumir perante uma campanha tão pouco ofensiva como esta deveria ser a contrária do arcebispo: fazer marketing moderno. Dizer, por exemplo, que o prestígio da profissão religiosa inunda até a publicidade, dizer que, sim, é verdade, padres e freiras precisam de automóveis eficazes para evangelizar, dizer que mal não faria que o stande fosse benzido, etc., etc. A adaptação da Igreja aos tempos modernos passa também pela compreensão das actuais ferramentas da comunicação. Juntando-as ao fairplay e à verdade da vida séria da religião, a Igreja actualizaria, quase sem dar por isso, a sua evangelização.