MÚSICA AMBIENTE NAS LOJAS
Um conceito comercial é tecido por um sem número de elementos sendo que, no final, o conjunto deve ser muito mais que o somatório das partes. Este cálculo tem ignorado o papel da música ambiente enquanto factor diferenciador de uma marca, capaz de aumentar as vendas
Jennifer Mota, para a revista Negócios & Franchising
“Using background music to affect the behavior of supermarket shoppers” é o título de um estudo, publicado, há mais de 20 anos, no “Journal of Marketing” que afirma que a música ambiente afecta o tempo de permanência nas lojas e o volume de vendas. Um bom ambiente sonoro é capaz de melhorar a imagem de um espaço comercial, aumentar a satisfação dos funcionários e estimular o cliente a comprar.
Luís Pedro, sócio gerente da Elite Decor Machine, empresa dedicada ao desenvolvimento de conceitos comerciais, considera que a música começa a ganhar protagonismo: “As técnicas têm-se vindo a refinar e a música é vista quase como um dos últimos recursos. Já se explorou tanto o interiorismo, a luz, o vitrinismo, só falta a música”. Pela primeira vez a trabalhar no alinhamento da banda sonora de uma marca, o consultor defende que deve ser surpreendente e cativante: “À semelhança de todas as técnicas, não basta ser compatível com o conceito, tem que surpreender para causar efeito”.
“A música é tão importante como a cor, a luz e o próprio produto”, reconhece Luís Pedro, admitindo que não lhe tem sido dado o devido valor: “Nós próprios, os fornecedores, temos esquecido. Senti-me sensibilizado para esse elemento há dois anos e ando nisto há dez”.
Naide Costa, sócia gerente da WDesign, especializada em design de ambientes, corrobora: “Ainda existe muito pouca sensibilidade para a música quando se cria o conceito de uma loja. Pelo menos, numa fase inicial, os clientes não transmitem preocupação relativamente a esse aspecto”. Para a consultora, “estando em sintonia com o conceito da loja, a música pode criar uma empatia automática entre o cliente e a loja”. “A música pode mesmo ser um complemento diferenciador para dar continuidade e fortalecer o conceito criado”, sustentou.
Ao compasso dos clientes
Três em cada quatro clientes preferem lojas com música e dois terços dizem comprar ou consumir mais nestas, mas a banda sonora também pode ter o efeito contrário. “Se a música não agrada ou está alta demais, o cliente sai. Passa-se o mesmo com a luz e com a temperatura”, vincou Luís Pedro. Por isso, diz que «a selecção musical tem que ser encarada de forma profissional».
Hoje, são raros os espaços comerciais sem música ambiente, mas nem sempre resulta de uma tentativa de adequação à marca e ao público-alvo, apresentando-se a rádio como um dos meios mais utilizados por não implicar o pagamento de Direitos de Autor.
A Internet abriu a porta a novas possibilidades como o serviço “Onda Musical” da Telepac, que inclui seis canais com diferentes estilos musicais – disco, atmosfera, ambiental, pop-rock, romântico e clássico – que emitem 24 horas por dia, todos os dias do ano. Luís Pedro coloca muitas reticências aos pacotes de música, porque, diz, “dificilmente acertam na estratégia”.
Na experiência piloto que está a desenvolver, o responsável da Elite Decor Machine optou por seleccionar temas dispersos em vários álbuns e fazer uma colectânea inédita para o cliente. Mais do que o pagamento dos Direitos de Autor, que, assegura, não são caros, é um processo muito trabalhoso: “Primeiro, é preciso fazer uma pesquisa exaustiva do que existe no mercado e, depois, há muita burocracia. É preciso fazer uma listagem dos temas, dos álbuns. São necessários muitos dados”.
Há muito as marcas perceberam que uma boa imagem atrai as pessoas e ajuda a mantê-las durante mais tempo nas lojas, o que instiga a um aumento do consumo. Parece ter chegado o momento de recorrerem à música, que tem um poder enorme: é capaz de relaxar e despertar sentimentos nos clientes com reflexos na facturação. São factores de peso para receber com a banda sonora ideal.
“As técnicas têm-se vindo a refinar e a música é vista quase como um dos últimos recursos. Já se explorou tanto o interiorismo, a luz, o vitrinismo, só falta a música”, acentuou Luís Pedro
Promessas
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Promessas de tudo. Do poema que nunca foi escrito. Da letra que nunca foi
cantada. De todos os momentos à beira mar. De todas as corridas. De todos
os sen...